Em 1983
era assassinada a líder sindical Margarida Maria Alves. Para Agnes Weiwanko do
Movimento Estadual de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de
Santa Catarina – FETAESC, e que já participou da Marcha das Margaridas em
Brasília, a data é de reflexão e de avaliação sobre o progresso dos direitos
trabalhistas para as mulheres nos dias de hoje. A jornada deste ano acontece de
17 a 21 de agosto em Brasília.
Em
12 de agosto de 1983, Margarida Maria Alves, trabalhadora rural, presidente do
Sindicato de Trabalhadores rurais de Alagoa Grande, município do Estado da
Paraíba, foi assassinada por um pistoleiro, a mando dos usineiros da região do
brejo paraibano.
crime foi brutal como noticiou a imprensa naquela oportunidade.
Eram
aproximadamente 18 horas e Margarida estava em frente a sua casa com o marido e
o filho, quando um matador de aluguel deu um tiro de espingarda calibre 12, em
sua face, deformando-a.
Margarida,
desde 1973 ocupava a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais STR, e à
época de sua morte havia movido 73 ações trabalhistas de trabalhadores rurais
das usinas por direitos trabalhistas. Esse foi o motivo do crime.
Margarida
foi uma das mulheres pioneiras das lutas pelos direitos dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais no Brasil.
Após
a sua morte tornou-se um símbolo político, representativo das mulheres
trabalhadoras rurais, que deram seu nome ao evento mais emblemático que
realizam – a Marcha das Margaridas, uma mobilização nacional que reúne em
Brasília milhares de mulheres trabalhadoras rurais no dia 12 de agosto.
A Marcha
das Margaridas ocorreu pela primeira vez em 2000, e desde então teve outras
edições em 2003, 2007, 2008 e 2009, sempre definindo uma pauta de
reivindicações a serem entregues aos representantes dos poderes públicos
federais.
As
mulheres trabalhadoras rurais brasileiras iniciaram a sua organização em
movimentos sociais específicos, para lutarem pelo seu reconhecimento como
categoria social no ano de 1982 e, na medida em que se consolidavam como
sujeito político, ampliando as suas ações e o seu reconhecimento público, foram
se identificando como Margaridas.
Como
símbolo Margarida é uma flor, mas é também luta, pois é a líder sindical que
não se rendeu às ameaças dos ricos, e afirmou preferir “morrer lutando, que
morrer de fome”.
Apresentando-se
como Margaridas, as mulheres trabalhadoras rurais constroem uma identidade
própria e uma sensibilidade pública utilizando estrategicamente alguns papéis e
atributos tradicionais das mulheres – fragilidade, filhos, sensibilidade, que
associa a imagem da mulher a uma flor, a Margarida, que também é uma mulher
forte, que deu a vida pela luta. Transformam o desqualificado e frágil feminino
em força e eficácia política, na luta e nas ruas.
O
assassinato de Margarida continua impune. Dos cinco acusados de serem mandantes
do crime, ligados ao Grupo Várzea, apenas dois foram julgados e absolvidos:
Antônio Carlos Coutinho e José Buarque de Gusmão Neto, conhecido como Zito
Buarque.
Os outros
mandantes: Agnaldo Veloso Borges já faleceu e os irmãos Amaro e Amauri José do
Rego estão foragidos.
O
assassinato de Margarida Alves, permanece entre os grandes crimes de repercussão
nacional e internacional impunes no país, tendo sido encaminhado para a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados
Americanos (OEA).
Justiça
para Margarida! Viva Margarida Alves em todas as outras Margaridas de todos os
cantos rurais do Brasil.
Postado
por: Beto Motta
Fonte:
Internet
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